quinta-feira, 16 de julho de 2009


Estou a pedir boleia!!!

Sempre tive uma bicicleta na minha vida. Lembro a primeira, no meu segundo ou terçeiro aniversario, os meos pais me ofereçeram uma bicicleta blu, uma RITMO blu. Ainda tinha as rodas ao lado...acho porque ainda nao sabia ir de bicicleta.
Na campanha da minha avò sempre tivemos aqueles Mountainbikes que todos nos, sobrinhos e netos usavamos.
Ma os meos avos, os pais do meu pãe me ofereçeram uma bicicleta côr de rosa aos 12 ou 13 anos, nâo lembro bem. Uma GRAZIELLA, assim a chamavamos.

Passou a escola primaria e a secundaria ser ter lembrança de bicicleta alguma.
So quando aos 16 anos mudei para Italia do centro deixando a casa dos meos pais para ir estudar fora, voltei a ter uma bicicleta.
Uma bicicleta que a minha nova mã Marina me-emprestou para ir para escola e voltar para casa.
Gostavo muito de ir de bicicleta também porque moravo perto do mar e aquela rua que costumava fazer era perto da praia, era linda.
Passei 3 anos assim atè mudar-me para Bologna.

Bologna, anos fantasticos ligados a Universidade. A primeira coisa que fiz depois ter encontrado trabalho foi comprar uma bicicleta: lembro que era uma fantastica mountainbike feminina: a primeira de muitas.
Naquela altura trabalhava de noite, muitas vezes atè 1 hora e a area nâo era muito tranquilla: a estação de comboios da cidade. Mas nâo moravo muito longe: eram só 5 minutos de bicicleta.
Passei 6 anos naquela fantastica cidade. Lembro ter mudato muitas bicicleta porque era costume -acho ainda- roubar as bicicletas. Mudei 6 ou 7 bicicletas. No inicio chorava muito quando voltando do trabalho ou da biblioteca nâo a encontravo, mais tarde começei me-acostumar. Uma vez a encontrei nas mãos de um espanholo Erasmus...a reconheçi e começei a correr atrás dele. A comprei de volta a 10 Euros.
Noite e dia ia de bicicleta: fazia 7 kilometros quando mudei para periferia da cidade. Saia cedo de manhá com uma pasta grande grande, ia para faculdade, as vezes voltavo para casa por me mudar de roupa e sair de novo, muitas outras nâo voltavo logo, mas curtivo a noite e voltavo as 4 ou 5 horas de manhá. Sempre de bicicleta.

Ninguem nunca me pediu uma boleia, ninguem ria porque era normal ver uma mulhere ou um homem de bicicleta!!!

Acabou a Universidade, deixei a minha bicicleta a um caro amigo e né sei que aconteçeu depois.
Mudei para Londres chorando e sem bicicleta. Em londres nunca usei bicicleta, só chorei muito, acho, também para a falta do meu meio de trasporte, da minha liberdade.
Depois 365 dias deixei Londres, mudei de novo, esta vez Dinamarca: là nao precisava de bicicleta. Ja vivia no meio na natureza: caminhava muito de pé, visitavo muito o mar a 5 minutos da nossa casa...10 meses e Africa.

Passei 1 ano e meio sem bicicleta até começar a ter vontade do meu meio de trasporte. Morava con Gonçalo e acho depois um tempinho ele nâo consegiu mais ouvir-me falar de bicicleta e comprou-me uma: UMA BICICLETA VERMELHA. O presente mais lindo que alguem podia me fazer.

O primeiro dia, acho do mes de Fevereiro ou Março, pedalei Maputo pela primeira vez

UAUUUUUUUUUUUUUUUHHHHHHHHHHHHHHHHHHHH!!!


E como ver a cidade de um outro lado, de um outro ponto de vista: mais em cima de um peão , mais livre de um automobilista. Mais a contacto com a realidade, com a calor, com a ventania, a poluiçao. Mais perigoso.

As primeiras vezes todo o mundo ria: ouvia só sons que diziam “xiiiii...ahuena...ishhh...”. Foi uma novidade pela cidade. Uma mulhere e ainda mulungu!!!Mas quando viajei para Quelimane, no centro do Pais encontrei só mulheres de bicicleta! Maputo è diferente: Maputo é cidade, è o Sul, é terra de Machangana. Muitas poucas pessoas vao de bicicleta e so homens.

Depois o rir inicial começou uma frase comum que dizia “...vao te matar!!!...” Ouvi estas palavras acho por 3 semanas. Além disso, crianças que olhavam espantadas: lembro um menino que enquanto lhe passei de lado abriu assim grandes os olhos e a boca como se fossi um pesadelo. Continuei a pedalar, mudei de casa e a distancia aumentou mas continuei e continuo a pedalar.

Pedalar nao é caminhar, claro, caminhar é poder colher todos as vozes, todas as côres, todos os cheros, todos os ruidos, tudo!!!

Pedalar é diferente: è enfrentar a realidade com um pouco mais de força e energia. Especialmente numa realidade como Maputo. Nunca vou esqueçer a pergunta que um meu colega me fez dias atras: “ Mas voce è casada?” ahh pensei um outro moçambicano que quere casar.... nâo era... só queria saber se ero assim livre, sem familia, sem marido e filhos por ir na rua de bicicleta. “ahhh...voce nao è casada...agora entendo porque vai de bicicleta” nao tenho nada a perder alèm da minha vida!!! Come se a minha vida nâo costasse muito.!!!

Depois os dois primeiros meses mudou-se a frase e agora todo o mundo pede boleiaaaaaaaaaaaaaaaaa!!!

A white com a bike.....da la boleia, da boleia, da boleia, da boleia,..........
todo o mundo quere boleia mas poucos poucos te respeitam...è raro que nao passa um dia sem que eu nâo ango com um automobilista...que seja um meu colega, uma mulhere....a bicicleta nao esiste neste mundo maputense.....

So me fazem companhia as crianças da rua que ao parar ao semaforo vem a ter comigo...mãe por favor da la algo xtou com fome....me da boleia......

Mas de verdade tudo o mundo tem medo das bicicletas pejore de um carro: assustam todos....é fora da cultura do Sul do Moçambique.

Mas eu continuo a pedalar a minha vida tambem em Africa e olho esta realidade da minha bicicleta vermelha e ...
A LUTA CONTINUA!!!

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